O Santo Padre afirma que a Quaresma convida a todos para um um tempo de intensa reflexão e revisão de vida
O Papa Francisco enviou uma mensagem aos brasileiros por
ocasião do início da Quaresma e da abertura da Campanha da Fraternidade
(CFE) 2021. Em 2021, o tema proposto é “Fraternidade e diálogo:
Compromisso de Amor” e o lema “Cristo é a nossa Paz: do que era dividido
fez uma unidade” (Ef 2,14a). A mensagem do Santo Padre aos brasileiros
foi apresentada na solenidade de abertura virtual de abertura da CFE,
lida na voz do jornalista do Vaticano News, Silvonei Protz.
No
texto, o Santo Padre afirma que a Quaresma convida a todos para um um
tempo de intensa reflexão e revisão de vida. “O Senhor Jesus, que nos
convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o
pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de
pandemia”, diz a mensagem.
No mensagem, o Papa lembra que é tradição
há várias décadas a promoção da Campanha da Fraternidade pela Igreja no
Brasil. Ele define a campanha como “um auxílio concreto para a vivência
deste tempo de preparação para a Páscoa”. No documento, o Papa afirma
que, neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso
de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e,
assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo
surdo».
Confira a íntegra do documento abaixo e a versão em PDF, com a assinatura digital do Santo Padre.
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2021
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Com
o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e
revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com
Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se
peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e
convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de
tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as
pessoas de boa vontade.
Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de
nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na
parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a
pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as
divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente
Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação
seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de
autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é
de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do
jejum e da esmola.
Como é tradição há várias décadas, a Igreja no
Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto
para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de
2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis
são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os
obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo». De fato,
quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude
receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n.
48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como
ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido
fez uma unidade» (Ef 2,14).
Por outro lado, ao promover o
diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que
são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela
prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos
de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico
podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada sem
medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a
paz no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244).
É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a
Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte
do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).
Desse
modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que
nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou
(cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa
humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma
preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da
justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade
do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar,
encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de
modo especial, a vida dos mais vulneráveis.
Desejando a graça de
uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um
a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021
Francisco
Fonte: CNBB