As principais economias do mundo apresentaram, até 2019, crescimento econômico, patrocinadas pelas baixas taxas de juros das locomotivas, estimulando o comércio internacional e os fluxos de capitais em diversos países
Os modernos equipamentos e satélites permitem fazer previsões do tempo com uma rapidez enorme, não apenas para o dia seguinte, mas até para toda a semana ou mais. Porém, em relação às previsões econômicas, mesmo com todos os modelos econométricos que podem ser rodados nos computadores de última geração, fazer projeções e traçar cenários econômicos, tornou-se, a partir da recente crise sanitária, uma tarefa muito mais complexa, pois as variáveis utilizadas podem, assim como o vento, mudar de direção e alterar, como ocorreu no final de 2019, completamente o cenário econômico mundial e as previsões do FMI, Banco Mundial, OCDE e outras respeitadas instituições públicas e privadas.
A Economia Mundial vivia, até o surgimento da pandemia COVID-19, mesmo com a guerra comercial iniciada por Trump contra a China, um momento de prosperidade e otimismo. As previsões, deste artigo, baseiam-se na premissa de que o comportamento da economia mundial, em 2021 e 2022, estará fortemente atrelado ao comportamento da crise pandêmica, pois existe um amplo consenso de que a economia mundial, somente poderá voltar ao normal, após a imunização da população mundial. Mas o grande debate, entre os economistas, é se essa recuperação será em forma de V, U, W ou L, conforme descrição abaixo:
V = queda abrupta do PIB seguida de uma rápida e consistente recuperação.
U = queda abrupta do PIB seguida de uma lenta recuperação.
W = queda abrupta do PIB seguida de uma rápida e inconsistente recuperação.
L = queda abrupta do PIB seguida de uma longa estagnação econômica.
Para analisar as possibilidades de recuperação e do formato da curva, vou supor que a economia mundial, cujo PIB de 2019 se aproximou dos US$ 80 trilhões, seja um grande trem, com três locomotivas, representadas, respectivamente, pelos Estados Unidos da América, União Europeia e China, que puxam mais de 200 vagões, dentre os quais o Brasil. As principais economias do mundo apresentaram, até 2019, crescimento econômico, patrocinadas pelas baixas taxas de juros das locomotivas, estimulando o comércio internacional e os fluxos de capitais em diversos países. O elevado crescimento da economia chinesa foi, também, fruto deste cenário, que beneficiou as exportações de commodities brasileiras. No entanto, a rápida desaceleração das locomotivas, por conta da crise sanitária, provocou o descarrilamento e estragos profundos em diversos vagões.
Seguem, abaixo, as previsões de crescimento do PIB da China, Estados Unidos e dos países da Zona do Euro, caso não haja uma segunda onda do COVID-19:
China:
2020: 2,5% (FMI)
2021: 8,2% (FMI)
Próximos anos: 5% a 6% a.a. (FMI)
Zona de Euro:
2020 -7,5% (FMI)
2021: 5,2% (FMI)
Próximos anos: 1,5% a 2,0% a.a. (FMI)
Estados Unidos da América:
2020-3,7% (fonte: FED)
2021: 3,1% (FMI)
Próximos anos: 1,5% a 2,0% (FMI)
Em relação às previsões econômicas, enquanto a variável pandêmica não estiver controlada, fato que somente será possível com a imunização da população contra o Vírus Covid-19, parece ser impossível determinar se o formato da curva de recuperação da economia mundial será em U ou V e, caso haja uma segunda onda, se teremos uma curva com formato de W ou em L.
Portanto, em função das fortes incertezas, é recomendável que as projeções econômicas sejam escritas à lápis e com as mesmas advertências feitas pelos meteorologistas em suas previsões:
Tempo nublado com possibilidades de chuvas e tempestades no dia D e na hora H.
Por Luis Cláudio Frechiani e Renata Moreira Frechiani
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